Celso Amorim (Foto: Agência Brasil)

O assessor especial da Presidência da República e ex-chanceler, Celso Amorim, está de malas prontas rumo à Venezuela, a pedido do presidente Lula, para acompanhar a eleição presidencial de domingo próximo. Segundo definiu ao 247, sua ida é uma “demonstração da importância que o presidente dá, especialmente o Brasil dá, à eleição”.

A expectativa, segundo Amorim, é a de que corra tudo bem. “Obviamente nós sabemos que há dificuldades, mas esperamos que seja dessa maneira”.

Embora não esteja explícita na decisão do presidente Lula, a ida do seu assessor especial à Caracas se dá após uma fala do atual presidente e candidato, Nicolás Maduro, sobre o resultado das eleições. Maduro, que concorre pela “Revolução Bolivariana”, em um dos seus comícios, se expressou mal ao colocar um elemento de violência em sua fala. Disse que a Venezuela corria o risco de ter um banho de sangue com a sua derrota. O que Maduro quis, foi alertar sobre o risco que é a ultradireita chegar ao poder, pois a índole violenta desse segmento político poderia os levar a assumir uma postura revanchista contra o atual governante e os seus seguidores.

Porém, no Brasil, a mídia tradicional atribuiu a Maduro a ameaça de ser ele o perpetrador do tal “banho de sangue”. Ou seja, tomou o seu discurso como uma “chantagem” à população, do tipo: ou vota em mim ou reprimiremos os traidores. Ou seja, sua fala enviesada deu margem a que fosse mal interpretado.

Embora tenha se pronunciado publicamente de forma neutra sobre a frase, ao 247 Amorim admitiu que entendeu o contexto do que foi dito por Maduro, mas discorda frontalmente do uso de expressões que contenham a palavra “sangue”, nesse momento em que os ânimos estão acirrados pelo clima da disputa. “Eu entendo que não foi a intenção dele fazer uma ameaça, mas a frase dele foi infeliz, de qualquer maneira. Falar de sangue nessas horas não é bom”, reforçou.

O Brasil já tinha decidido enviar dois observadores para acompanhar o pleito, que transcorre no próximo domingo, dia 28 de julho. Seguirão para lá dois quadros técnicos do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), que terão como missão produzir um relatório a respeito do que testemunharam, em 48 horas. Tal como no Brasil, as eleições na Venezuela se dão por urna eletrônica, com a diferença que naquele país o eleitor recebe o voto impresso no final do ato de votar, o que pode facilitar questionamentos e confusão sobre o resultado.

O Itamaraty encara como positivo o envio dos observadores e mostra que o Estado brasileiro como um todo está atento ao processo.

A eleição venezuelana é sempre alvo de polêmica e ataques da mídia tradicional, que se apropria da linguagem usada pelos opositores do presidente Nicolás Maduro, ao qual tratam de “um ditador”.

Maduro foi alçado à presidência após a morte de seu padrinho político, o ex-presidente Hugo Chávez, em 2013. Desde então, segue no poder. Foi reeleito em 2018, num pleito questionado por organismos internacionais por falta, segundo essas instituições, de transparência e de não obedeceram a “todos os padrões de lisura eleitoral”, mesmo tendo cada país a sua especificidade nas disputas.

O que é muito pouco comentado nos que abordam a eleição Venezuelana, por aqui, é a condenação, pelo poder judiciário, da pretendente à candidata, Maria Corina, que acabou ficando de fora do rol de candidatos. Não por imposição de Maduro, como é dito, mas porque Corina foi condenada pelo crime de lesa pátria, ao pedir mais sanções do que as já impostas, por parte dos Estados Unidos, à Venezuela. No Brasil, o que se diz é que foi uma providência do “comitê eleitoral venezuelano”.

Outra que não conseguiu se colocar na disputa foi Corina Yoris, por não ter, conforme seu relato, “tido acesso ao sistema automatizado do CNE por razões não especificadas”. As razões podem estar, por exemplo, no não cumprimento do prazo determinado pelo CNE, mas isso não é esclarecido pelos que falam do assunto. No Brasil a leitura foi que “isso foi lido pela comunidade internacional como um indicador de interferência política no pleito”.

A diplomacia brasileira vem lembrando à Venezuela de cumprir o Acordo de Barbados, assinado após negociações entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição venezuelana, em diálogos mediados pela Noruega e o Brasil.

O governo do presidente Lula adotou como estratégia a aproximação com Maduro ao longo de 2023 e ajudou a costurar o Acordo de Barbados que prevê, dentre outros pontos, a realização da eleição e a libertação de opositores.

Em entrevista aos correspondentes estrangeiros, nesta segunda-feira (22/07), o presidente Lula anunciou a ida do seu assessor especial da presidência da República Celso Amorim, como um dos observadores nas eleições da Venezuela, e contou que falou duas vezes ao telefone com o presidente Nicolás Maduro: “Falei por telefone com o Maduro e o Maduro sabe que a única chance da Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todo mundo. Por isso é que o Brasil está mandando duas pessoas da Justiça Eleitoral para a Venezuela. Eu vou mandar o meu embaixador Celso Amorim para a Venezuela”. Tomada a decisão, Celso Amorim está embarcando rumo a Caracas.

Márcio Brito
Serrinha-BA, Blogueiro, Redator, Repórter, Rádio, Site, Magistério, Direitos Humanos, Limpeza Urbana, Manejo de Resíduos Sólidos, Material de Const. e Hospitalar.

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