O Conselho Nacional de Saúde (CNS) e o Movimento de Reintegração de Pessoas Afligidas pela Hanseníase (Morhan) assinaram a adesão à campanha “Não esqueça da Hanseníase”. A iniciativa tem como objetivos sensibilizar a sociedade sobre essa doença e promover ações de prevenção e combate a sua disseminação.
A campanha é uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio de seu embaixador da Boa Vontade, Yohei Sasakawa. No Brasil, ela é implementada pelo Morhan.
A hanseníase é uma doença infecciosa causada por um bacilo chamado Mycobacterium leprae. Ela atinge pele e nervos, gera redução da força muscular e produz manchas, sensações como formigamento, dormências e outras formas de perda de sensibilidade.
A doença sempre foi cercada de preconceito e foi chamada, durante muito tempo, de “lepra”. Conscientizar a população sobre esse termo pejorativo é um dos intuitos da campanha, além de desmascarar mitos sobre como ela é transmitida.
“Nosso país, a cada ano, mais de 30 mil novos casos são diagnosticados, inclusive em crianças e pacientes que chegam com sequelas irreversíveis. Tem muita questão de preconceito, mitos, lendas, desconhecimento, um forte estigma”, disse o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernando Pigatto.
A campanha busca esclarecer a população de que essa doença tem tratamento e cura. Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, o tratamento é oferecido pelo Sistema Único de Saúde, de forma gratuita. O procedimento é via oral, com aplicação de remédios diferentes em um método chamado poliquimioterapia.
Cenário no Brasil
Durante a pandemia, foi identificada uma queda nos registros de novos casos. Enquanto em 2019 foram confirmados 27.684 novos diagnósticos de hanseníase, em 2020 o número foi de 17.979.
Segundo boletim epidemiológico sobre a hanseníase no Brasil, divulgado pelo ministério na semana passada, os quase 18 mil novos casos no Brasil em 2020 representam 93,6% dos novos diagnósticos registrados nas Américas. Brasil, Índia e Indonésia foram responsáveis, sozinhos, por 74% dos 127.396 novos casos em todo o mundo.
Quanto ao perfil sociodemográfico, nos últimos anos (2016-2020), a doença foi mais prevalente em homens (55%) do que em mulheres (44%); em pardos (58,9%) do que brancos (24%) e pretos (12%) e na faixa de pessoas com ensino fundamental incompleto (40,9%) do que entre os com ensino médio e ensino superior completo (15%).
As regiões com as taxas mais altas de infecção (por 100 mil habitantes) nos últimos anos foram o Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Em 2020, os estados com os maiores índices foram Mato Grosso (71,4%), Tocantins (53,9%) e Maranhão (28%).
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